Política

Resultado das eleições municipais altera composição da ALBA

As eleições municipais de 2020 – finalizadas em novembro – reconfiguraram as cadeiras da Assembleia Legislativa. Dos dez deputados estaduais que postularam cargo majoritário em cidades baianas, dois deles tiveram êxito nas urnas e, por conseguinte, suas vagas serão preenchidas pela suplência na coligação que disputou votos em 2018. São eles Zé Cocá (PP), que venceu a disputa em Jequié, e Jânio Natal (PL), que será mais uma vez prefeito de Porto Seguro, onde governou de 2005 a 2008.

Assumem uma cadeira no Legislativo baiano Bira Corôa (PT) e Pastor Ubaldino (PSD), da coligação que reuniu os seguintes partidos no último pleito: PT / PMB / PSD / PR / PDT / PODE / PRP / PP / PSB / Avante. Corôa obteve 43.743 votos e Ubaldino, 42.721. Ambos já exerceram três mandatos na Casa, com atuação destacada nas três últimas legislaturas: 16ª (2007-2011), 17ª (2011-2015) e 18ª (2015-2019).

Excetuando Fabíola Mansur (PSB), que foi candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo PT na capital baiana, os outros parlamentares concorreram a prefeito: Hilton Coelho (Psol) e Olívia Santana (PC do B) disputaram a Prefeitura de Salvador; Eduardo Alencar (PSD), Simões Filho; José de Arimateia (Republicanos), Feira de Santana; Mirela Macedo (PSD), Lauro de Freitas; Osni Cardoso (PT), Serrinha; e Zé Raimundo (PT), Vitória da Conquista.

Segundo estatística divulgada pelo TSE, a Bahia tem 10.893.320 eleitores aptos. Pouco mais de 800 mil eleitores – a maioria de cidades que finalizaram a revisão após as eleições 2018 – não realizaram a revisão biométrica com a Justiça Eleitoral. Porém, puderam votar normalmente, já que houve a suspensão dos efeitos do cancelamento, por conta da pandemia do coronavírus.

Jânio Natal concorreu com mais cinco candidatos em Porto Seguro, através de uma aliança com PL / Avante / PDT / Republicanos / DEM / MDB / PP / PSL / Solidariedade / Podemos. Prestes a completar 67 anos, saiu vitorioso com 28.366 dos votos (41,17%) em um colégio eleitoral de 96.574 eleitores aptos a votar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O sufrágio registrou o comparecimento de 76.381 eleitores (79,09%), com 90,22% de votos válidos, 2,68% de brancos e 7,10% de nulos. A abstenção foi de 20,91%. Sua campanha recebeu do Fundo Partidário R$ 350 mil (R$ 200 mil do PL e R$ 150 mil do Podemos), além de uma doação dele mesmo no valor de R$ 20 mil.

Ao deixar o Parlamento para retornar ao cargo do Executivo municipal, Jânio Natal diz sair com a certeza de que correspondeu à confiança daqueles que o honraram com seus votos. “Fui um deputado atuante, apresentando diversas proposições e defendendo os municípios que representei na Assembleia Legislativa. Os próximos quatro anos, sei que serão de muita luta e muito trabalho, principalmente porque a economia do município, baseada quase que inteiramente no turismo, está devastada pela pandemia da Covid-19”, disse o prefeito eleito, confiante de que fará o possível para melhorar a qualidade de vida dos porto-segurenses, “com atenção especial às questões de saúde, educação e geração de empregos e renda”.

Em Jequié, o progressista Zé Cocá, 44 anos, foi eleito com 38,29%, totalizando 30.301 votos. Ex-prefeito de Lafaiete Coutinho por dois mandatos (2009-2012 e 2013-2016), o deputado reuniu uma composição com PP / PT / PSDB / Podemos / DEM / PV, que conquistou a preferência na disputa que envolveu mais cinco candidatos. Segundo o TSE, o colégio de 112.141 eleitores teve um comparecimento de 88.678 votantes (81,45%); não foram às urnas 20.197 eleitores (18,55%). A apuração registrou 89,24% de votos válidos, 2,78% de votos em branco e 7,98% de nulos. A campanha de Cocá recebeu do Fundo Partidário R$ 275,2 mil (R$ 163,2 mil do PP e R$ 112 mil do DEM), além de doações de pessoas físicas que totalizaram R$ 10 mil.

O pepista se despediu do Legislativo estadual durante sessão virtual extraordinária ocorrida no dia 28 de dezembro, quando recebeu o apoio de diversos colegas da ALBA. “Tive o prazer de construir muitos amigos. Saio dessa Casa maior do que entrei. Foi uma das grandes experiências de vida que eu tive. Tenho o orgulho de dizer que onde fui, fiz minha parte: nas comissões, no plenário. Volto para Jequié com a sensação de dever cumprido nessa Casa”, afirmou. Ainda em seu discurso, dirigiu agradecimentos aos deputados pela acolhida no Parlamento, bem como a sua equipe do gabinete. “Agradeço principalmente a todo o povo da Bahia, em especial aos quase 60 mil eleitores que depositaram o voto de confiança em mim”, disse.

SUPLENTES

Retornando à Casa, Carlos Ubaldino (PSD) destacou como será sua atuação pelos próximos dois anos de mandato. “O nosso trabalho sempre foi coeso, voltado para os mais carentes e para o povo. Vamos também atuar, com prioridade, no combate à pandemia do coronavírus, pois está matando nossos irmãos, sem distinção de raça, cor ou religião”, apontou.

“Aos meus 73 anos de idade, estou voltando ao mandato. Votaremos sempre a favor daquilo que for ao encontro do interesses dos baianos, e contra aqueles projetos que ferem os princípios cristãos. Hoje, volto com uma estrutura melhor de experiência. Chego com o objetivo de estar junto dos meus pares fazendo um trabalho sério e com o olhar voltado para a saúde”, afirmou o pessedista, que ressalta sua experiência como deputado estadual por três mandatos e como pastor em igrejas de cidades como Porto Seguro, Ribeira do Pombal, Cruz das Almas, São Gonçalo dos Campos, Saúde e Salvador.

Bira Corôa (PT), por sua vez, afirma que chega para o novo mandato com a mesma disposição com a qual esteve em exercícios anteriores no Parlamento. “Vamos fazer nessa Casa uma representação digna daqueles que me confiaram mais de 43 mil votos. Lutaremos por educação e saúde públicas de qualidade. Estaremos no combate a todas as formas de discriminação, do racismo, da homofobia, bem como em defesa das questões ambientais, do saneamento básico, lutando contra os processos de privatização”, enumerou.

Nos últimos dois anos, o petista ocupou o cargo de superintendente de Assuntos Parlamentares na ALBA. Ao deixar o posto no Legislativo, Bira Corôa fez questão de agradecer ao presidente Nelson Leal (PP), à Mesa Diretora, à bancada do PT e aos colaboradores pela confiança e cooperação. “Essa parceria nos permitiu desenvolver um trabalho importante para a Casa. Mesmo com a pandemia, a gente conseguiu manter o funcionamento ativo da ALBA”, disse o deputado, que destacou conquistas como o certificado e assinatura digitais, criação de mais de três mil e-mails corporativos, votação remota, o Paper Less e o Proc Legis.

CASSAÇÃO

Além das vagas preenchidas com a eleição de Jânio Natal e Zé Cocá, houve anteriormente na ALBA a posse de três novos mandatários, como consequência de processos de cassação de deputados impetrados pelo TSE.

Josafá Marinho de Aguiar (Patriota) assumiu a vaga aberta com a supressão do mandato de Pastor Tom (PSL), que deixou de informar filiação partidária e exercício de mandato como vereador quando registrou sua candidatura em 2018, apontou o Tribunal. Angelo Almeida (PSB) tomou posse na cadeira ocupada pelo ex-líder da bancada da Minoria, Targino Machado (DEM), que teve o mandato cassado pela Corte por, segundo acusação do Ministério Público Eleitoral (MPE), oferecer consultas médicas gratuitas com fins eleitorais.

Já as últimas movimentações na Casa foram motivadas a partir da cassação do mandato de Marcell Moraes (PSDB), acusado de atrelar sua imagem, durante a pré-campanha, a atendimento veterinário gratuito (vacinação e castração). Como consequência, a ALBA efetivou como deputado estadual o tucano Tiago Correia e empossou ainda, como primeiro suplente, o radialista feirense Carlos Geilson (Podemos). Correia – até então primeiro suplente da coligação que disputou em 2018 (DEM/PRB/PV/PSDB) – cumpria o mandato na vaga de Leo Prates (PDT), que se licenciou para assumir a pasta da Saúde na capital baiana. Sua condição agora é herdada por Geilson, que ganhou um mandato parlamentar na Casa.

BIRA CORÔA

Natural de Salvador e criado na cidade de Camaçari, o professor de biologia Bira Corôa assume seu quarto mandato na ALBA aos 63 anos. Foi um dos fundadores do PT em Camaçari, onde reside e tem sua principal base eleitoral. Foi nesse importante município da Região Metropolitana de Salvador (RMS) que começou sua trajetória, inicialmente na luta sindical com a origem do atual Sindicato dos Professores de Camaçari (Sispec), e posteriormente elegendo-se vereador do município, chegando a presidir a Câmara de Vereadores local. No Legislativo estadual, aprofundou suas bandeiras na educação, cultura e meio ambiente, assim como seu ativismo no movimento negro e em defesa dos chamados povos e comunidades tradicionais, entre outras minorias. Esteve à frente das comissões Especial da Promoção da Igualdade (2007, 2009 e 2010) e de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público (2008); além de atuar como titular e suplente desses e outros colegiados no decorrer das legislaturas. Atualmente ocupa o cargo de superintendente de Assuntos Parlamentares da ALBA, onde contribuiu com a modernização, informatização e digitalização dos processos administrativos e legislativos da Casa, implementados na gestão do presidente Nelson Leal (PP).

PASTOR UBALDINO

Aos 72 anos, o comerciante e pastor Carlos Ubaldino de Santana (PSD) retorna ao Legislativo baiano para cumprir seu quarto mandato parlamentar. Nas duas primeiras legislaturas, de 2007 a 2015, ele ocupou a cadeira pelo PSC; já na eleição de 2014, ele foi eleito pelo PSD, e seguiu na legenda para tentar a reeleição em 2018, ficando na suplência. Anos antes, foi vereador em Olindina (1982-1984; 1985-1988) pelo então Partido Democrático Social (PDS). Natural de Cipó, Ubaldino viveu a adolescência em Ribeira do Pombal, onde concluiu o ginásio na Escola Joana Angélica (1963) e, o secundário no Colégio Agrícola de Ribeira do Pombal (1967). Casado com Celina Santos de Santana, com quem teve um casal de filhos, Débora e Carlos Ubaldino Filho, o pastor formou-se em Teologia pela Escola Teológica das Assembleias de Deus do Brasil (Esteadeb), no ano de 1992. De 1988 a 2006, ele liderou a congregação da Igreja Assembleia de Deus em Olindina, onde foi proprietário, de 1978 a 1989, de uma loja varejista chamada Comercial de Estivas Buril Ltda. Na Assembleia Legislativa, o parlamentar foi vice-líder da Maioria (2007-2009; 2014; 2015-2018) e 3º vice-presidente da Mesa Diretora (2011-2013) – além de figurar como 3º suplente da mesma, de 2007 a 2009. Foi, entre outros colegiados, titular das comissões de Saúde e Saneamento (2007-2009); de Agricultura e Política Rural (2009-2010, 2015-2018); de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público (2013-2018); e de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo (2013-2014).

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