Política

Marina Silva diz que não discutiu possível candidatura de Barbosa

A pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, disse respeitar a decisão do ex-presidente do Superior Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa de querer ser candidato para a eleição de outubro. Garantiu, no entanto, que não conversou com ele após essa nova possibilidade, tampouco com o também ex-ministro da Suprema Corte Carlos Ayres Britto sobre o tema, como trouxe a imprensa recentemente, com a informação de que o magistrado gostaria de ver os dois juntos na campanha de 2018. “Não sei de onde vocês tiram isso”, disse a jornalistas em Oxford, Inglaterra, onde encerrou o seminário Brazil Forum UK na noite deste domingo, 6.

Marina relatou que conversou com Barbosa duas vezes. Uma, quando ele ainda era presidente do Supremo e no episódio do então presidente do Senado, Renan Calheiros, que não quis obedecer à decisão do Supremo de afastá-lo do cargo. “Eu respeito a decisão dele (Barbosa) de querer ser candidato. O que não impede que a gente mantenha pontos de contato e de diálogo. Em eleições em dois turnos é legítimo que haja as candidaturas dos partidos”, avaliou.

Marina Silva afirmou que vai colocar em prática este ano durante a corrida de outubro o que aprendeu com as campanhas para as eleições de 2010 e 2014. Dado o tempo de TV, de apenas 10 segundos a que terá direito se não formar alianças, e a diferença do orçamento de sua candidatura comparado com outras legendas, a acreana disse que entrou na disputa este ano para fazer uma “campanha franciscana”. “Tenho porcentual mínimo de orçamento e alguns apenas segundos de TV. É uma luta de Davi contra Golias.”

Ao fim do evento, em conversa com jornalistas, ela disse que a intenção é usar os 10 segundos que terá uma vez por dia para remeter os eleitores aos programas do Rede na internet. “É o que dá para fazer.”

A também ex-senadora lembrou que a situação tanto em 2010 quanto em 2014 foi diferente porque ela apoiava outras candidaturas. “Quando impediram a criação da Rede, apoiamos o PSB, que já tinha composição”, lembrou, salientando que agora o partido tem seu candidato. “Naquela ocasião, se não tivessem impedido o registro da Rede, eu sairia pela Rede e o Eduardo (Campos), pelo PSB no primeiro turno”, continuou. O que levou Marina a ser cabeça de chapa foi a tragédia aérea que resultou na morte do então candidato Eduardo Campos.

Ela acredita que o Brasil terá uma eleição difícil e, provavelmente, bastante pulverizada em outubro. Ao mesmo tempo avaliou como mais do mesmo a possibilidade de uma articulação entre Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Michel Temer (PMDB-SP). “Isso foi sempre o que fizeram partidos tradicionais da esquerda, de centro-esquerda e de centro-direita. Foi isso que levou o Brasil para esse fundo do poço. Se isso continuar, e eu torço para que não, espero que a gente não chegue a um poço sem fundo.”

A ambientalista disse que o Rede tem se coligado com vários movimentos, como o Acredito, o Agora, o Brasil 21 e o Grande Favela. “Antecipei essa tendência desde 2010. Sempre defendi a queda dos monopólios dos partidos”, salientou, em relação a dar voz a movimentos.

A ex-ministra do Meio Ambiente também afirmou que os grandes partidos estão empenhados em acabar com as investigações de corrupção no País. “Os grandes partidos estão aliançados para acabar com a Lava Jato: PT, PMDB, PSDB e DEM. Eles divergem sobre quem vai pegar o poder, mas numa coisa não divergem: no combate à Lava Jato.”

Sobre a afirmação feita no sábado, 5, pela ex-presidente Dilma Rousseff no mesmo evento, em Londres, de que o PT manteria o nome de Lula como candidato em outubro, Marina disse que o atual quadro político no Brasil é de grandes possibilidades e uma preocupação. “A possibilidade é que as pessoas sabem a verdade, e a preocupação é com o que as pessoas vão fazer com essa verdade”, explicou. “Fazer uma mudança ou acreditar que aqueles que criaram os problemas vão resolver os problemas? Se quem vai vencer é a postura do cidadão ou a estrutura dos marqueteiros”, continuou.

A pré-candidata reforçou que não pretende se reeleger se vencer o pleito de outubro. Ela defende um mandato maior do que o atual, de cinco anos, mas sem a possibilidade de manutenção do poder. “Eu não pretendo reeleição. Primeiro, por convicção; depois, porque não sou tão altruísta assim”, brincou ao final de sua apresentação em Oxford, na Inglaterra.

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