Bahia

Desfile menos verde e amarelo e mais popular

Depois de dois anos sem celebrações do 7 de setembro, uma multidão foi ao Campo Grande vinda de tudo que é canto para celebrar os 200 anos de Independência do Brasil. A quantidade de público superou os anos anteriores, mas o verde e amarelo que colore o desfile ficou mais fraco esse ano. Os militares se esforçaram, teve pirâmide humana, sobrevoo de aeronaves e gritos de guerra que agitaram o público, nesta quarta-feira (7).

A história conta que o processo de independência começou muito antes do 7 de setembro, com levantes populares em diversas partes do país. O historiador Ricardo Carvalho explicou que movimentos como a Inconfidência Mineira (1789-1792), ocorrida em Minas Gerais, e a Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798-1799), em Salvador, já buscavam a libertação e lutavam por direitos iguais 20 anos antes de D. Pedro gritar às margens do Ipiranga.

“A Conjuração Baiana foi um grito verdadeiramente libertário, porque além de lutar contra o domínio português, esse movimento cogitava acabar com a escravidão e criar um modelo republicano fortemente inspirado nas ideias liberais. E mesmo o processo do 7 de setembro tem antecedentes, como o Dia do Fico, quando a elite cria as contingências para que D. Pedro permaneça no Brasil, e de outros eventos que já vinham acontecendo na Bahia, no Maranhão, no Piauí, em Pernambuco e outros estados brasileiros”, contou.

Todos esses movimentos terminaram com brasileiros sendo presos e assassinados. O alfaiate baiano João de Deus do Nascimento, um dos líderes da Conjuração, foi executado e esquartejado em praça pública. A cabeça dele ficou exposta em frente à casa em que morava, na Rua Chile. Mesmo com repressão, a luta para libertar o Brasil do domínio português envolveu homens bancos e livres, mulheres, negros escravizados, grandes proprietários de terra e profissionais liberais.


Essa mistura de público é encontrada nos desfiles até hoje. Os passos apressados de dona Hilda Lima, 60 anos, subindo as escadas que levam ao Campo Grande denunciavam que algo de importante estava para a acontecer, nesta quarta-feira. De blusa florida e carregando uma pequena bandeira brasileira, a aposentada contou o motivo de tanto agito. “Quero pegar um lugar bom para ver o desfile. Todo ano eu venho assistir, estava sentindo falta”, relatou, ofegante.

 
Os gritos de guerra agitaram o público. Militares dos mais diversos batalhões, alguns com caras pintadas e armados, entoaram gritos que, ao som ritmado das botas, fizeram a multidão vibrar. O grupamento feminino da Força Aérea se destacou, provocando aplausos. Uma chuva fininha tentou estragar a festa indo e voltando durante todo o desfile, mas fracassou. Muitas pessoas levaram sobrinhas e guarda-chuva ou se abrigaram embaixo da copa das árvores, mas ninguém arredou o pé.

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