Política

ACM Neto terá que quebrar tabu histórico para se eleger governador

Para pisar os pés no Palácio de Ondina em 2023, o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (DEM) terá que quebrar um tabu histórico

Para pisar os pés no Palácio de Ondina em 2023, o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (DEM) terá que quebrar um tabu histórico. Nunca um prefeito eleito de Salvador conseguiu ser governador da Bahia. Recentemente, dois ex-gestores da capital tentaram, mas fracassaram nas urnas: Lídice da Mata (PSB) e João Henrique Carneiro (na época PRTB). 

Depois de deixar o Palácio Thomé de Souza mal avaliado em 2012, João Henrique tentou ser governador em 2018, mas não passou do 4º lugar, ficando com 0,58% dos votos. Em 2014, foi a vez de Lídice também tentar ocupar o Palácio de Ondina, mas ficou na 3ª posição com 6,62% dos sufrágios. A socialista foi a primeira e única prefeita de Salvador no início dos anos 90. 

Há casos, no entanto, de prefeitos eleitos indiretamente que chegaram ao poder na Bahia. Nomeado para ser gestor de Salvador entre 1967 e 1970, pelo então governador Luís Viana Filho, ACM foi governador por três mandatos, dois indiretamente e um pelo voto popular. No início de 1930, Leopoldo Amaral também ocuparia os dois postos. Primeiro, designado prefeito nomeado por Getúlio Vargas e depois nomeado interventor na Bahia. Já, em 1982, ocorreu uma tragédia. Clériston Andrade, que foi prefeito nomeado, morreu vítima de um acidente aéreo durante a campanha ao governo. 

Há ainda o caso de Antônio Imbassahy. O hoje tucano, entretanto, foi governador por alguns meses antes de ser prefeito. Em 1994, o então governador ACM e o vice-governador Paulo Souto licenciaram-se dos cargos para concorrer a senador e a governador, respectivamente. Com a vacância, por ser o presidente da Assembleia Legislativa, Imbassahy passou a ser governador. 

 “Salvador tinha um direcionamento político específico ligado a um determinado nome de uma família tradicional, e no estado essa força política estava pulverizada nas regiões do estado. Cada região com sua elite política, e essas regiões unidas tinham um nome expressivo que, às vezes, condizia com o nome da família da capital e acabava virando governador”, explica o professor de História, Rafael Dantas. 

Tabu quebrado 

Na eleição do ano passado, ACM Neto quebrou um tabu de 30 anos. Desde 1988, um gestor soteropolitano não elegia o seu sucessor. Naquela ocasião, o então prefeito Mário Kertész apoiou o radialista Fernando José. Com um governo mal avaliado, Fernando José lançaria a sua secretária Maria Del Carmen como candidata ao Executivo. No entanto, ela não conseguiu ter sucesso. Em 2020, Neto pôs fim ao histórico de prefeitos soteropolitanos não fazerem o sucessor, ao eleger Bruno Reis (DEM) como novo chefe do Executivo.

Tribuna da Bahia, Salvador

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