Justiça

Não tenho receio de depor no Congresso’, diz Dallagnol sobre depoimento

Alvo de questionamentos após a divulgação de supostas mensagens que sugerem conluio com o ex-juiz Sérgio Moro (atual ministro da Justiça) na Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba, diz que não tem medo do que possa ser apresentado. “Todos os atos da força-tarefa são fundamentados em fatos, em provas e na lei e foram validados por diversas instâncias da Justiça.” Questionado sobre se teria suspeitas sobre quem acessou os diálogos, Dallagnol disse que só a PF pode dar essa resposta. Mas houve invasão de sistemas telefônicos e sequestro de contas de aplicativos, o que sugere o uso de métodos sofisticados. Sabemos que muitas autoridades foram atacadas, mas só as da Lava Jato são alvo de divulgação, o que dá pistas sobre os interesses envolvidos”.

Mas quem teria interesse nesse hackeamento? “O interesse é anular condenações e barrar o avanço da investigação. A operação atingiu muitos poderosos. Poderia ser qualquer um deles, além dos corruptos que ainda não foram alcançados pela Lava Jato”. Mas então, por que ele não aceitou o convite para depor sobre o caso na Câmara? “Tem algum receio?” Em resposta, o procurador disse que não tinha receio porque todos os atos da Lava Jato estavam justificados em fatos, provas e na lei e foram validados por diversas instâncias da Justiça. “O Congresso é palco de discussões relevantes, mas de natureza política. Meu trabalho é técnico e feito perante a Justiça”.

Em outro momento, foi perguntado o sobre o que era “verdade ou mentira nessas mensagens”? De acordo com ele, não tinham mais mas mensagens originais para comparar. “Antes da divulgação do hackeamento, encerramos as contas no aplicativo para proteger investigações em andamento e nossa segurança. Isso apagou as mensagens nos celulares e na nuvem. É impossível lembrar detalhes de milhares de mensagens trocadas ao longo de anos. A mudança de uma palavra, a inserção de um “não” ou a abstração de contextos podem mudar significados. E o que temos visto são indícios de edição e evidências de que supostas mensagens, na forma como são apresentadas, contrastam com a realidade”. Ao ser perguntado sobre como teria visto as críticas do ministro Gilmar Mendes, do Supremo, à atuação do MPF na Lava Jato, o procurador disse que preferiria não comentar a ataques e grosserias de autoridades contra a Operação Lava Jato. “Essa é uma teoria dos que querem forçar anulações. A Lava Jato não se resume a um ou outro caso. São centenas de casos que atingiram todo o espectro ideológico. Só na força-tarefa de Curitiba já passaram 19 procuradores e mais de 30 servidores. A equipe inclui eleitores do PT. Os atos judiciais são revisados por três instâncias. A teoria da conspiração não se verifica”.

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