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Governador Rui Costa pede celeridade em investigação da PF

noticias-c796d12a1bApós a Polícia Federal cumprir 11 mandados na Bahia e, inclusive, vasculhar a casa e o escritório do ex-ministro das Cidades e conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, Mário Negromonte, em nova fase da Operação Lava Jato, a Politeia, o governador Rui Costa, quando questionado sobre o assunto, disse que “quem tem plena consciência de que não fez nada errado está tranquilo, e não tem problemas em ter contas bancárias, e-mails e documentos apurados”. Aliados de  primeira hora de Negromonte, embora com cautela, também comentaram a ação.

Para Rui, a Operação Lava Jato está cumprindo seu papel ao investigar todos os que foram citados. “Os mandatos foram expedidos não pelo juiz do Paraná, mas pelo Supremo Tribunal Federal porque as pessoas têm foro privilegiado. Os deputados federais, membros de conselho… faz parte da investigação. Quem não fez nada errado não tem o que temer”, disse.

De acordo com Rui, o mais importante no momento é que as investigações sejam rápidas e eficazes e que se encerrem “o mais rápido possível”. “Espero que se encerre o mais rápido possível porque o País não pode ficar suportando isso muito tempo. É preciso que a investigação seja eficiente, mas rápida para revivermos o ambiente de retomada de emprego no país e de crescimento, porque isso vai paralisando o país e  quem paga a conta cara é o povo mais simples e o povo mais pobre. Já se vão quase um ano nesse processo de apuração e isso tem trazido muito desemprego”, avaliou o governador.

Progressistas procurados pela Tribuna também se mostraram tranquilos e confiantes na eficácia do STF e da Polícia Federal. O deputado federal Cacá Leão afirmou que o partido está torcendo para que as investigações andem “o mais rápido possível e separar quem é inocente e quem é culpado”; “Esperamos que tudo caminhe o mais rápido possível”, pontuou. Leão ressaltou o trabalho de Negromonte e disse que ele foi um bom companheiro, embora não pertencesse mais ao partido. “Foi um grande companheiro do partido e hoje não é mais filiado porque está no Tribunal de Contas dos Municípios, mas torcemos”, acrescentou.

Questionado pela Tribuna se, caso algum membro seja condenado, a imagem do PP se desgastaria nas próximas eleições, o parlamentar já havia dito que ainda é cedo para definir. “O partido está muito tranquilo e confia nos seus quadros. Com certeza a Justiça vai provar  a idoneidade do partido. O partido como um todo foi muito acusado a nível nacional, e temos certeza absoluta que os fatos são apurados e quem for culpado vai pagar”, afirmou, em meados de junho.

Para o secretário-geral do PP na Bahia, Jabes Ribeiro, o partido tem mantido a completa confiança nas apurações das instituições de investigação e tem em Mario um grande quadro. Ribeiro conta que esteve na última segunda-feira com o conselheiro do TCM e que ele estava “absolutamente tranquilo”. “E em paz com ele mesmo, evidente que isso sempre é um constrangimento em qualquer situação, mas a sensação que eu tive foi que essas investigações vão demonstrar até mesmo a inexistência de qualquer fato que leve a uma situação de instabilidade”, disse. “Os progressistas devem merecer de nós o apoio, e se alguém cometer malfeito vai ter que assumir suas responsabilidades. Nós, do PP, não compactuamos com nenhum tipo de atitude que signifique defender coisas que não são corretas. E o que há evidentemente são delações, e delação não é prova”, acrescentou.

Para especialista, avanço das operações atinge cenário político

Cientista político, Carlos Zacarias, professor do departamento da Historia da Ufba, afirma que a à medida que as ações da Polícia Federal vão ocorrendo com mais freqüência nos estados, é possível que comece a atingir o cenário político “O PT ainda está imune por conta da federalização da questão. Mas à  medida que as ações vão descendo para os estados e vão encontrando no meio do caminho personagens com política construída dentro do estado, esse cenário vai mudando”, explicou.

No entanto, para ele, na Bahia, onde só esta semana ocorreram duas ações da Lava Jato , o PT  ainda está imune. “O PT ainda está imune por conta da federalização da questão. Mas acho que esta se aproximando, quando o âmbito da Justiça começa a se deslocar para os foros estaduais pode atingir nomes de peso da política nacional e aí não tem partido que esteja livre disso”, disse. O cientista político exemplifica o caso do senador  Collor. “Figura nacional, mas que tem um laço fortíssimo em Alagoas, na Bahia. O Negromonte tinha a aliança do PP com o governo, mas não tem como macular a identidade do PT,  porque a identidade do PP com o PT é recentemente construída. Muito improvável que respingue em Rui, por exemplo. A não ser que no curso das investigações algum núcleo mais ligado ao PT seja vinculado”, pontuou.

Zacarias avalia que o PP deve ser o mais atingido. Dos atuais 45 representantes do Partido Progressista no Congresso, 21 vão responder a inquérito sob a suspeita de participar do esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Outros 11 ex-parlamentares do PP também terão de prestar contas ao Supremo. Um deles é atualmente vice-governador da Bahia, João Leão, também secretário de Planejamento do Estado. “O PP perde força porque no plano federal ele está perdendo força. Digamos que há um percentual de eleitores que vão acompanhar o quadro nacional e vão deixar de votar no PP local por conta disso”, acrescentou Zacarias.

PT – Para o deputado estadual Zé Neto (PT), líder do governo na Assembleia Legislativa, tem muito político fazendo quaresma em relação à Operação Lava Jato na tentativa de macular o PT. “Os que se locupletaram aparecem de bom moço. E estão aí defendendo o financiamento privado de campanha que é o que não faz mudar nada.  Para o parlamentar,  a onda antipetista é fruto, também, de uma crise com a classe média. “Em momentos de crise, a classe média, que tem pouca resistência no bolso, fica muito afetada. São duas crises: uma econômica e outra política”, opinou.

Zé Neto defende a reforma política sem o financiamento privado de campanha e critica o fisiologismo de alguns partidos, como o PMDB.  Ele reconhece erros, mas garante que o PT baiano não deve ser atingido com a vinda da PF duas vezes esta semana. “O PT perdeu e errou com a reforma política, mas tem vivido e aprendido e construído ao longo do processo com bons projetos. Agora, se você me disser o que representa o PMDB nesse processo? Fisiologismo”, disparou. “Não conseguimos (o PT) mudar as regras do jogo que eram jogadas há muito tempo. Quando chegamos no Congresso, não conseguiram estabelecer um meio termo”, declarou .

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