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‘Quero que os policiais sintam remorso’, diz mãe de menina morta com tiro na cabeça

Dois ônibus chegaram no Cemitério Municipal de Paripe por volta das 9h desta sexta-feira (26) lotados com os familiares, vizinhos e amigos de Geovanna Nogueira da Paixão, 11 anos, morta com um tiro na cabeça durante uma incursão policial na Comunidade Paz e Vida, bairro de Jardim Santo Inácio, em Salvador, na manhã de quarta-feira (24).

O sepultamento da garota estava marcado para acontecer às 10h, mas, somente às 12h15, o corpo de Geovanna chegou ao cemitério. Enquanto a família e amigos velavam o corpo da menina, grupo especial da Polícia Militar reforçou o policiamento na região.

Da família de Geovanna, estavam a mãe, Maria Ângela de Jesus Nogueira, 34, a avó materna, Valdete da Paixão, 66, o pai, José Luiz da paixão, 36, além do tio e do avô. Foi a mãe quem acompanhou a liberação do corpo da filha no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML).

A avô, abalada, cobrou mais uma vez das autoridades a resolução do caso. Ela e os moradores da comunidade culpam os policiais pela morte de Geovanna. “Eles chegaram atirando e ela caiu paradinha no chão. O que eu quero é que não mintam, que parem de dizer que foi troca tiros. Não foi”, afirmou a avó.

O corpo da garota foi velado por cerca de 30 minutos na capela do cemitério. Colegas da Escola Municipal Jardim Santo Inácio e amigos do bairro estiveram no sepultamento, muito deles tinham escrito nos braços: “luto, Geovanna”. Boa parte deles, estiveram brincando com a menina um dia antes da sua morte.

Durante o sepultamento, o pai e uma vizinha desmaiaram e tiveram que ser carregados. Crianças também precisaram ser amparadas pelos pais. “Todos os dias, Geovanna me ajudava a arrumar a igreja da comunidade. Lamentável. Um menina inteligente que fazia aulas de capoeira na comunidade e de violino”, contou uma vizinha sem se identificar.

O ex-militar Milton Bonfim, 33, saía de casa para trabalhar quando presenciou o crime. Foi ele quem, com a ajuda dos policiais militares, levou Geovanna até a Unidade de Pronto Atendimento de Pirajá.

“Eu não desejo essa dor pra nenhum inimigo. Foi um fato que poderia ser evitado, porque eu já entrei várias vezes em comunidades com armamento na mão e nunca ocorreu isso”, disse o ex-militar que é pai de duas crianças, uma delas da mesma idade da Geovanna.

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