Política

Pastor Milton Ribeiro toma posse e diz que tem compromisso com estado laico

MEC entrou em atrito com entidades estudantis, universidades e Congresso na gestão Weintraub. Milton Ribeiro é pastor e disse ter ‘compromisso’ com Estado laico. Ele tomou posse nesta quinta

O novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, prometeu nesta quinta-feira (16) buscar enquanto estiver à frente da pasta “grande diálogo” com “acadêmicos e educadores”.

Milton Ribeiro deu a declaração ao tomar posse como novo ministro do MEC, em uma cerimônia no Palácio do Planalto.

Na gestão de Abraham Weintraub, o ministério entrou em atrito com entidades de estudantes, universidades e também com o Congresso Nacional.

“Queremos abrir um grande diálogo para ouvir acadêmicos e educadores que, como eu, estão entristecidos com o que vem acontecendo com a educação em nosso país, haja visto nossos referenciais e colocações no ranking do Pisa”, declarou Ribeiro na posse.

Em seguida, o presidente Jair Bolsonaro disse que “com toda certeza” o entendimento “se fará presente”, uma vez que o novo ministro defende o diálogo.

Diagnosticado com coronavírus, Bolsonaro participou da cerimônia por videoconferência.

“Existe, hoje em dia, uma gama enorme de excelentes e excepcionais professores em todos os níveis no Brasil. E, com toda a certeza, com a chegada de um ministro voltado para o diálogo, usando a sua experiência e querendo o melhor para as crianças, esse entendimento se fará presente”, declarou o presidente.

Bolsonaro afirmou ainda que a transição no MEC será “tranquila” e pediu a Ribeiro que monte uma equipe “com o mesmo espírito”.

“A transição será tranquila. Você terá como pontualmente colocar gente ao teu lado com o mesmo espírito teu. Se bem que, pode ter certeza, grande parte do ministério pensa como você. E eles agora, na tua pessoa, terão como fazer valer o seu potencial para que venhamos a dar melhor do seu ministério para o Brasil, fato esse que nos libertará”, declarou o presidente.

Ribeiro é o quarto ministro da Educação no governo Bolsonaro. Antes dele, chefiaram a pasta Carlos Decotelli, que deixou o cargo em razão de diversas polêmicas envolvendo o currículo dele; Abraham Weintraub, que saiu em meio a polêmicas como o inquérito que apura crime de racismo e o crime e o inquérito que apura ameaças a ministros do STF; e Ricardo Vélez Rodríguez, que caiu após uma disputa entre as alas ideológica e militar dentro do MEC.

‘Compromisso’ com Estado laico

Milton Ribeiro é pastor e, no discurso de posse, disse ter “compromisso” com o Estado laico.

“Conquanto tenho a formação religiosa, meu compromisso que assumo hoje está bem firmado e bem localizado em valores constitucionais da laicidade do Estado e do ensino público. Assim Deus me ajude”, afirmou.

Violência física na educação

Ainda na cerimônia, o novo ministro disse que jamais defendeu o uso de violência física na educação escolar e que nunca defenderá tal prática.

“Jamais falei em violência física na educação escolar e nunca defenderei tal prática, que faz parte de um passado que não queremos de volta”, disse o ministro.

Em vídeo que circula na internet, Milton Ribeiro afirma que uma porcentagem pequenas das crianças entendem o argumento que é preciso ser severo, e e que as crianças “devem sentir dor”.

“A correção é necessária pela cura. Não vai ser obtida por meios justos e métodos suaves. Talvez aí uma porcentagem muito pequena de criança precoce, superdotada, é que vai entender o seu argumento. Deve haver rigor, desculpe. Severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim, (as crianças) devem sentir dor”, declarou Ribeiro no vídeo.

O MEC no governo Bolsonaro

No governo Bolsonaro, o MEC é uma das pastas que mais sofrem a influência da ala ideológica do governo.

Antes de Bolsonaro anunciar Ribeiro, chegaram a ser cotados para o cargo de ministro o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, que disse ter recusado o convite, e o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), apontado por Bolsonaro como um “reserva” caso não encontrasse outro nome para a pasta.

Quando foi eleito presidente, em 2018, Bolsonaro disse que o MEC passaria a priorizar um “ensino de qualidade” para os jovens serem bons profissionais, “deixando de lado” temas relacionados ao que ele costuma chamar de “ideologia de gênero” e “ideologia voltada para o desgaste dos valores familiares”.

Para Bolsonaro, Paulo Freire é um “energúmeno”. Freire é considerado patrono da educação brasileira e autor do único livro brasileiro a aparecer na lista dos 100 títulos mais pedidos pelas universidades de língua inglesa consideradas pelo projeto Open Syllabus.

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