“Eduardo Leite é o melhor nome do centro para disputar a Presidência”

João Gualberto defendeu que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, seja o candidato do PSDB à Presidência da República

Por Guilherme Reis, Rodrigo Daniel e Paulo Roberto Sampaio

Ex-deputado federal e prefeito de Mata de São João, João Gualberto defendeu que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, seja o candidato do PSDB à Presidência da República. O gaúcho disputa o posto com o governador de São Paulo, João Doria. “Ele (Eduardo Leite) tem mostrado equilíbrio, tem equilibrado todas as contas do Rio Grande do Sul, sem botar a culpa em outros. Tem resolvido o problema deles. O governante sempre encontra motivos para falar mal do governo anterior, botar a culpa no governo anterior. Ele está resolvendo os problemas no Rio Grande do Sul. Tem equilíbrio, sensatez, tem conversado com setores da economia e do Legislativo. Eu acho que é um excelente nome do centro para concorrer à Presidência”, pontuou Gualberto.

Ainda na entrevista à Tribuna, Gualberto defendeu o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e disse que Leite “simboliza um pouco o pensamento” de FHC, “lógico com as modernidades que a sociedade hoje exige”. “Quando ele (FHC) entregou (o governo) para o Lula em 2003, o Lula teve a sorte de encontrar um país arrumado e a economia do mundo em crescimento. Nunca a economia do mundo cresceu como cresceu de 2003 a 2009. Ele deveria ter investido em educação e na infraestrutura do país, mas quis investir na ideologia dele, gastando fortuna de empréstimo para países de ditadura da América do Sul e da África. Investiu em populismo, e não na educação e infraestrutura do país”, declarou. 

Gualberto falou também sobre a pandemia, elogiou o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (DEM) e criticou o governador da Bahia, Rui Costa (PT). “No geral, eu acho que (Rui) tem acertado, mas está falhando exageradamente na Educação (…) Na Educação, está falhando e muito”, afirmou.

Tribuna – Como o senhor tem avaliado o atual momento com o agravamento da pandemia da Covid-19, e quais os reflexos em Mata de São João?

João Gualberto – A primeira onda, no ano passado, as pessoas não conheciam bem o vírus, e fechou tudo até por preocupação, por falta de conhecimento, em todos os países. A ciência não tinha uma resposta como tem hoje. Hoje, tem uma resposta mais firme em relação a algumas. Naquele momento, o pequeno comerciante, restaurante, os setores que foram mais atingidos conseguiram superar e ir até o final do ano. Final do ano abriu. Mas, agora, nessa segunda onda, estou sentindo no geral os comerciantes muito aflitos, apertados, com problemas financeiros graves. A minha sensação é de que, na primeira onda, as pessoas gastaram a sua gordura, e, nesse ano, a situação econômica está muito ruim. Somando a isso, o governo não tem ajudado em nada.

Tribuna – E como a prefeitura de Mata de São João tem enfrentado? Quais as medidas adotadas pela gestão?

João Gualberto – Desde o ano passado, o que nós fizemos foi abrir um centro covidário, com 16 leitos, respiradores. A prefeitura se estruturou para o pior. Abrimos esses 16 leitos, e depois mais seis. E a nossa cidade nunca teve mais de 16 pessoas internadas, podendo comportar até 22 pessoas. Então, na área de Saúde, se olhar todos os indicadores, nós passamos melhores do que outros municípios da Região Metropolitana. Diria que, dentro da pandemia, na área de Saúde, passamos razoavelmente bem. 

Tribuna – O senhor acredita que haverá uma terceira onda? A cidade está preparada?

João Gualberto – Ninguém está preparado. A gente não está preparada para a segunda onda quanto mais para terceira. Não é só a área de Saúde. É um conjunto de fatores. Está muito atrelado a economia também, a escola parada, as consequências só vão conseguir avaliar nos próximos anos. Tem várias questões além da saúde nos próximos anos. Quando iria se imaginar que os alunos estariam mais de um ano fora da aula? A diferença entre os ricos e os pobres vai aumentar mais ainda, porque o rico está tendo aula remota, com a qualidade razoável. E o pobre? E o pobre que a aula não é tão boa, e não tem equipamentos. Realmente, a diferença vai se acentuar. Ninguém está preparado para a segunda quanto mais para a terceira. 

Tribuna – Quais os principais desafios da Mata de São João?

João Gualberto – A geração de empregos, ainda mais nessa pandemia. O que já era ruim piorou mais ainda. Só que a geração de empregos está atrelada ao crescimento da economia, que depende do governo federal. Então, o maior desafio é a retomada das aulas, voltar ao normal à Educação, e a geração de empregos.

Tribuna – O governo federal é o maior culpado por este cenário catastrófico no país?

João Gualberto – Eu não costumo transferir culpa para outros. Não é o meu papel. Cada um, cada prefeito, cada governador, tem que assumir o seu município, estado, e fazer o melhor. Quando a pessoa se elege fala que vai resolver os problemas, mas depois fica colocando culpa no governo federal. Eu não acho correto. Mas é claro e óbvio que o governo federal não ajudou nessa pandemia. Não estou dizendo que a quantidade de mortes é culpa só do presidente. O presidente foi omisso, e prejudicou todo o combate à pandemia, é negacionista, mas todo tem que assumir as responsabilidades nos seus estados e municípios. 

Tribuna – Só com a vacinação vamos conseguir retomar a economia e reduzir os prejuízos?

João Gualberto – É única esperança da gente. Ninguém vai achar que distanciamento social é uma alternativa viável. É uma alternativa muito ruim, sacrifica a econômica, empregos. Então, tem que acelerar a vacina. Infelizmente, o presidente não confiou na vacina, não fez a compra no ano passado quando tinha ofertas. Acho que no segundo semestre teremos vacinas sobrando porque os Estados Unidos vão estar vacinados até o dia 4 de julho, a Inglaterra também, e aí vai sobrar vacina. Então, o segundo semestre, setembro, outubro, vai normalizar no Brasil. No resto no mundo, acho que já começa antes em agosto. Essa é a minha esperança e o meu desejo.

Tribuna – O governo do Estado tem acertado nas medidas? Ou tem falhado?

João Gualberto – No geral, eu acho que tem acertado, mas está falhando exageradamente na Educação. A experiencia nos países do mundo mostra que a escolha é a última a fechar e a primeira abri. Aqui é o contrário. Libera bar, festa, e fecha as escolas. E está provocado cientificamente que o contágio através das crianças é mínimo. Em São Paulo, se eu não me engano, abriu em setembro a dezembro do ano passado em mais de 150 municípios. E esses municípios não tiveram um maior aumento de contágio na população. E a Bahia é um que o tem o pior IDEB, e não estou vendo essa prioridade do governo do Estado. Acho que a Educação já era para ter voltado. Era para ter voltado no ano passado, em setembro, agosto, e até hoje, ninguém sabe exatamente como voltar. Isso é consequência dos erros dos governos que serão sentidos nos próximos anos. Na Educação, está falhando e muito. 

Tribuna – O senhor tem a pretensão de ser candidato em 2022? Ou ficará na gestão até o fim?

João Gualberto – Eu não tenho nenhum pensamento agora. Quem está pensando em política está pensando errado. Não é tempo para pensar agora em política. Além da pandemia, estamos em um momento difícil da economia. As minhas energias, meus esforços vão todos para a solução do problema. Não só agora, mas na minha vida toda quando fui prefeito nas outras vezes. E a eleição é no próximo ano a gente vai ver.

Tribuna – O Supremo Tribunal Federal decidiu anular as condenações de Lula. A eleição do próximo ano será marcada pela polarização Lula e Bolsonaro? Ou há espaço para um terceiro nome?

João Gualberto – Eu rezo todos os dias para não acontecer isso. Acho que ninguém quer. A grande maioria da população não quer. Talvez, tenha uns 20% de radicais de esquerda, e 20% de direita que gostariam de ver essa polarização. Quem mais quer essa polarização é Lula e Bolsonaro, por incrível que possa parecer. Acha que só um ganha do outro. Então, se Lula for disputar com qualquer candidato de centro, ele perde. E, se Bolsonaro disputar com qualquer candidato de centro, ele perde também. Então, a chance dos dois é disputar entre eles. Não é à toa que está tudo se conduzindo para que Bolsonaro, para que Lula se equilibre e concorrer contra ele. É o desenho que está se formando, mas espero que a gente se livre dessa polarização e eleja um governo centro, moderado, que ouve as pessoas, sem corrupção. Isso que a gente espera e eu espero como brasileiro.

Tribuna – Quem é o melhor nome para representar o PSDB na disputa presidencial? 

João Gualberto – Eduardo Leite, sem sombra de dúvida. Ele tem mostrado equilíbrio, tem equilibrado todas as contas do Rio Grande do Sul, sem botar a culpa em outros. Tem resolvido o problema deles. O governante sempre encontra motivos para falar mal do governo anterior, botar a culpa no governo anterior. Ele está resolvendo os problemas no Rio Grande do Sul. Tem equilíbrio, sensatez, tem conversado com setores da economia e do Legislativo. Eu acho que é um excelente nome do centro para concorrer à Presidência.

Tribuna – O que falta para o nome dele ser consenso no partido?

João Gualberto – Isso está previsto para outubro, a convenção. Hoje, seria consenso. Claro que está disputando com o governador de São Paulo, que tem uma máquina muito forte. É o estado mais poderoso da nação. Mas hoje, pelo que sinto dentro do partido, é o nome mais forte para vencer as prévias e a eleição. 

Tribuna – Os tucanos têm dificuldades de defender o legado do governo FHC. É um erro?

João Gualberto – O governo do Fernando Henrique foi um dos melhores governos que o Brasil já teve nos últimos 30 anos. Lógico que tem alguns princípios dele que não é para seguir, porque o Brasil muda, a cabeça do povo muda, o mundo muda. Ele foi presidente da última em 2002. Lá vai quase 20 anos. Então, mudou muitas coisas. Apesar de ser uma pessoa contemporânea, o Eduardo Leite simboliza um pouco o pensamento de Fernando Henrique e lógico com as modernidades que a sociedade hoje exige. 

Tribuna – O governo de FHC foi melhor do que os governos do PT?

João Gualberto – Sem sombra de dúvida. As pessoas para avaliarem o governo tem que avaliar a situação da época. Quando Fernando Henrique assumiu o Brasil a gente convivia com a inflação de 40% ao mês. Era um país desacreditado, desmoralizado, cheio de cartel. Era um país que estava fadado a ser um país africano, coisa desse tipo, mais pobre, sem perspectiva. Ele fez uma reforma geral. Privatizou as empresas que davam prejuízos e só servem para gerar empregos, principalmente, para os partidos, políticos, e a corrupção. Teve coragem de privatizar muita coisa, modernizou muita coisa. Quando ele entregou para o Lula em 2003, o Lula teve a sorte de encontrar um país arrumado e a economia do mundo em crescimento. Nunca a economia do mundo cresceu como cresceu de 2003 a 2009. Ele deveria ter investido em educação e na infraestrutura do país, mas quis investir na ideologia dele, gastando fortuna de empréstimo para países de ditadura da América do Sul e da África. Investiu em populismo, e não na educação e infraestrutura do país. 

Tribuna – Como o senhor viu esse possível rompimento do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e o governador de São Paulo, João Doria?

João Gualberto – Não teve rompimento. Isso é coisa normal da política. Não existe nenhum rompimento entre o ACM Neto e o João Doria. Se há um distanciamento, que eu não enxergo, é porque talvez ele (João Doria) queira o apoio do DEM já (para disputar a Presidência), e o Neto acho que não vai dar.  

Tribuna – E o atrito entre ACM Neto e o ministro da Cidadania, João Roma, pode afetar o grupo da oposição na Bahia?

João Gualberto – Não vejo como. Em quê? Os votos que ele teve para deputado foi o que os votos que ACM Neto deu. É muito claro isso. Acho que ele reconhece isso. Já vi isso aqui na Bahia de um deputado virar ministro, e depois não se eleger nem para deputado de novo, não renovar o mandato. Não vejo nenhum prejuízo para ACM Neto. O rompimento, para mim, não interessa. Mas não vejo nenhum prejuízo para ACM Neto.

Tribuna – O PSDB pretende pleitear espaço na chapa de ACM Neto ao governo da Bahia?

João Gualberto – Talvez, vamos ver na hora própria, vamos ver no próximo ano. Tem muita água para rolar ainda. Não adianta se precipitar na política. Cada um vai fazendo seu trabalho, e 2022 a gente vai ver o que vai acontecer. As filiações, que eram em outubro, agora são até abril, quando define os partidos, onde cada um vai ficar. Essa conversa só vai ser no próximo ano.

Tribuna – O provável concorrente de ACM Neto é o ex-governador e senador Jaques Wagner. Há um desejo de renovação na Bahia, na sua avaliação?

João Gualberto – Não gosto muito dessa palavra renovação, porque todo mundo que não tem nenhuma experiência se trata como novo. A Bahia precisa de pessoas capazes, pessoas que já mostraram que tem conhecimento. ACM Neto assumiu a prefeitura aqui em 2013, com o governo federal contra ele, o governo estadual contra ele, as pessoas iam dizer que ele precisar, e mostrou (resultado). Procurou os caminhos dele. Fez a estruturação fiscal do município, e o município andou com as próprias pernas, e teve um resultado excelente. Veja Salvador antes e depois de ACM Neto. Então, não resta uma dúvida que é uma pessoa com capacidade de trabalho, tem uma liderança política muito grande. Não é só renovar, por renovar. É renovar com uma pessoa capacitada, que governou Salvador em uma situação adversa e deixou o município equilibrado, com várias obras. Inclusive, fazendo obras que o governo do Estado não fez, como o Centro de Convenções. É uma pessoa realmente que tem uma capacidade de trabalho e gestão muito grande.

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