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20 anos sem título pressionarão Brasil no Catar em 2022

A seleção brasileira deixou a Rússia com uma pesada bagagem de pressão e cobranças a serem carregadas pelos próximos quatro anos, até a Copa do Mundo do Catar, em 2022. O fracasso na busca pelo título em 2018 adia por pelo menos mais uma edição do torneio o objetivo do hexa e leva para a competição no país árabe a árdua responsabilidade de encerrar um jejum de conquistas que chegará a 20 anos – duas décadas ou quatro edições de Copa.

Depois do título em 2002, na Coreia do Sul e Japão, o Brasil amargou três quedas nas quartas de final: 2006 para a França, 2010 para a Holanda e agora em 2018, diante de Bélgica. O melhor resultado nesse período, ironicamente, foi o Mundial marcado pelo maior fracasso da sua história. Foi em 2014, no torneio da derrota histórica na semifinal por 7 a 1 sofrida diante da Alemanha, que a seleção conseguiu ir mais longe, até a semifinal – perdeu para a Holanda a disputa do terceiro lugar.

Por isso, quando daqui a quatro anos o Brasil entrar em campo para sua estreia no primeiro Mundial realizado no Oriente Médio, a equipe terá nos ombros um fardo ainda mais pesado. A seleção estará há 20 anos sem ganhar Copa, o segundo maior jejum de sua história. Um hiato maior só foi registrado entre o tricampeonato no México, em 1970, e o tetra, em 1994, com 24 anos de intervalo.

Os mais quatro anos de espera até 2022 pressionam a cúpula da CBF a encontrar soluções a fim de fazer os 20 anos de jejum não se tornarem 24, 28 ou até mais tempo. A entidade avaliou depois do 7 a 1 alguns atributos a serem melhorados. O principal deles é o princípio da permanência do técnico, algo raro na história da seleção após Copa. Zagallo foi o último técnico na história da seleção a ter continuado no cargo de uma competição para outra. Isso foi de 1970 para 1974. Telê Santana também disputou dois Mundiais seguidos (1982 e 1986), mas no intervalo entre um e outro ele chegou a deixar o cargo para reassumi-lo adiante.

Os demais treinadores passaram pelo posto por, no máximo, quatro anos, sem ter o direito de continuar o trabalho após participação em uma Copa. Alguns foram escorraçados do cargo depois de fracassos. A tendência é a CBF romper com esse estilo e recomeçar o ciclo para o próximo Mundial reavaliando a comissão técnica, com possibilidades de renovar com ela. É o caso, por exemplo, de Tite.

Também não pensa em entregar a função para quem não tem experiência, como ocorreu após a demissão de Carlos Alberto Parreira em 2006. Ele fracassou com a seleção na Copa da Alemanha e deu lugar para Dunga, que jamais havia sido técnico. O intuito era de renovar completamente o grupo.

Antes da Copa da Rússia, Tite comentou que, se estivesse há mais tempo no cargo do que os dois anos, teria em mãos uma equipe mais bem preparada. “Uma coisa que gostaria era ter tido um ciclo de quatro anos. Teria tempo para fazer um trabalho com base. Fazer todos os testes que precisaria. Mas não foi possível”, comentou.

Amistosos

Entre os planos para resolver o jejum de 20 anos sem ganhar a Copa, a CBF tem em mente mudanças no formato da preparação. Os longos quatro anos até o Catar forçam, por exemplo, a repensar os amistosos. A falta de confrontos com times de outros continentes, como o europeu, fez o Brasil penar na Rússia. Mas não será fácil.

A dificuldade será rearranjar as datas. As principais equipes europeias iniciam neste segundo semestre a disputa da nova Liga das Nações e, assim, vão dificultar para o Brasil a possibilidade de agendar confrontos com rivais de peso para dar experiência a uma equipe que passará por algumas reformulação. Veteranos como Thiago Silva, Miranda, Paulinho e o próprio Daniel Alves, fora da Copa por lesão, devem deixar o elenco.

Para as vagas deles será necessário ampliar o monitoramento de atletas. A comissão técnica de Tite estabeleceu nos últimos anos uma agenda de viagens e de acompanhamento no exterior de possíveis atletas convocáveis.

A CBF também aumentou recentemente o calendário de competições de categorias de base para revelar mais jogadores e espera que, no futuro, consiga preparar melhor os jovens atletas, sem que os clubes percam os garotos para times de fora, casos de Rodrygo, do Santos, e Vinícius Júnior, do Flamengo. Alguns desses moleques que entram na mira para 2022 não viram o Brasil ganhar uma Copa do Mundo.

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