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‘Não sei como eu estou vivo ainda’, relata Eric a familiares após encontro

Após o primeiro contato com o jovem Eric Geovane de Oliveira, 22 anos, familiares relataram que ele achou que ia morrer. “Ele me disse que não sabia como ainda estava vivo por conta da situação ele passou. Falou que escutava as pessoas gritando o nome dele, mas não saiu do lugar que estava com medo de ser alguém que pudesse fazer algum mal pra ele”, contou Breno Alves, primo do rapaz, ao CORREIO.

Eric foi encontrado na manhã deste sábado (10) em uma fazenda da região próxima do Rancho Paraíso, em Camaçari, local onde aconteceu, no último final de semana, a festa de música eletrônica Aurora. “Ele está bem fisicamente, só muito ralado. O sítio onde ele foi encontrado tinha uma mata atlântica fechada muito densa. Eric se alimentou de frutas na mata, principalmente manga, jaca e abacate. Para se proteger da chuva ele fez tipo uma barraca com folhas de coqueiro e teve que comer mato que contém água quando não achou o que beber”.

Ainda de acordo com o primo do rapaz, Eric foi achado apenas de bermuda e descalço por trabalhadores da fazenda a mais ou menos uns 4 a 5 km de distância do local do evento. “Ele deve ter andado bem mais que isso porque andou a semana toda dentro do matagal dando voltas, tentando achar uma saída, um ponto de referência”. Pelo menos, um grupo formado por 25 pessoas, mais Corpo de Bombeiros e agentes da Defesa Civil participaram das buscas durante os sete dias em que Eric estava desaparecido. “Ele chorou muito. Está bem abalado emocionalmente, mas deve ter alta ainda hoje”.

O rapaz é do município de Irecê onde trabalha em um posto de gasolina e, de acordo com a família não costuma frequentar raves. Quando viaja é para a região da Chapada Diamantina para fazer trilhas, fato que acabou contribuindo para que ele sobrevivesse. “A gente sabia que ele estava vivo porque desde criança crescemos em fazenda e então já tínhamos mais ou menos uma noção. De infância a gente já era acostumado a andar dentro do mato na fazenda. Ele não avisou que vinha para essa festa, ninguém estava sabendo. Veio somente para passar o final de semana e voltar para casa”, ressalta o primo Breno Alves.

Para a família, os amigos erraram em não terem pedido ajuda logo de imediato, quando Eric desapareceu no domingo por volta das 14h. “A gente só foi tomar conhecimento do desaparecimento de Eric na segunda à noite quando o ocorrido foi domingo à tarde. Ele é filho único. Os amigos erraram em não relatado o ocorrido logo nem ter comunicado a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros porque achavam que conseguiriam encontrar Eric. A gente ficou sabendo através de um amigo dele por rede social quando divulgaram a foto dizendo que ele estava desaparecido. Outro amigo dele viu e ligou para a mãe dele que entrou em desespero”.

Sobre o caso
Testemunhas disseram à família de Eric que ele teria entrado no matagal, após sofrer  dois surtos no evento. O primeiro, conseguiram conter. No segundo, Eric teria começado a gritar novamente que alguém ia matar ele e saiu correndo em direção ao matagal, quando pulou a cerca e não foi mais alcançado.  Sobre o surto, o primo afirma que ninguém conversou com ele ainda para confirmar a versão.

“Ele estava com medo, sem conhecer ninguém, sem saber onde estava. Ficou assustado. Só via cerca e mata, não tinha estrada. Foi uma situação muito difícil. Os meninos disseram que tentaram ir atrás dele, mas não conseguiram. Eles ficaram a procura de Eric até umas 18h30 e voltaram no outro dia 5h para procurar de novo. A questão do surto é a versão que o pessoal de lá e os amigos estão relatando. Ele ainda não falou sobre a festa e o pessoal achou melhor não perguntar nada até ele se recuperar. Depois ele vai prestar os esclarecimentos para a Delegacia de Abrantes”, acrescentou Breno.

Em sua 15ª edição, a Aurora atraiu centenas de pessoas ao Rancho Paraíso. A rave aconteceu na noite do último sábado (3) e foi até a tarde do domingo (4). Segundo a delegada titular da 26ª Delegacia (Vila de Abrantes), Danielle Monteiro, Eric deve ser ouvido no decorrer da próxima semana. “A gente instaurou o procedimento e estamos colhendo ainda mais depoimentos. Só no final das investigações é que a gente vai conseguir responsabilizar alguém”.

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