Público LGBTQIA+ também é o carnaval: sem espaço para preconceito

Pensando em ofertar esse público atrações de forma gratuita, a prefeitura montou o Beco das Cores, um dos espaços mais inclusivos do Carnaval de Salvador

Por Hieros Vasconcelos

Foi-se o tempo em que o carnaval baiano tinha espaço para a LGBTQIA+fobia. Embora há muitos anos esse público sofresse discriminação em todos os cantos da festa e precisasse andar sempre alerta em grupos, hoje em dia a folia momesca se consolida como uma grande confraternização da diversidade, respeto e inclusão.

A quantidade de pessoas LGBTQIA+ nos circuitos tem surpreendido a população em geral, mas acima de tudo os investidores, os empresários e donos de bloco: não só devido ao maior poder aquisitivo que esse público tem, mas pela postura pacífica adotada nas ruas, pelo respeito ao próximo, pelo respeito às mulheres e as diferentes classes sociais.

Quem esteve na quinta-feira (27) e no sábado (1) de Carnaval no circuito Dodo (Barra-Ondina), com os trios de Daniela Mercury, Os Mascarados, Margareth Menezes, Claudia Leitte e Ivete Sangalo, por exemplo, ficou impressionado com a quantidade de LGBQTIA+.

“Eles dominaram tudo, de uma forma positiva, é claro. São alegres, educados, respeitosos. Eles estão todos os dias curtindo, melhor que ficar vendo aquela cambada de marmanjo se armando para brigar, puxando mulher forçadamente para beijar. Eu amo os gays”, disparou o dono de uma barraca na Barra, Agenor Vidal Bonfim, 66 anos.

São vários blocos conhecidos por ter o maior público LGBTQIA +: Crocodilo, Coruja e Blowout. Mas, em todos os outros, é certeza que eles tomam conta, enchendo os espaços de festividade e respeito para com o próximo. Alguns camarotes também têm notado a importância desse público não só financeira, mas para abrilhantar a festa.

Pensando em ofertar esse público atrações de forma gratuita, a prefeitura montou o Beco das Cores, um dos espaços mais inclusivos do Carnaval de Salvador. Foram atrações das mais variadas, desde a MPB, ao funk e à música eletrônica. O espaço, localizado na Rua Dias D’Ávila esteve lotado todos os dias de folia. O espaço se consagrou como um local LGBTQIA+ graças à Boate Off Club, que por muitos anos, de maneira corajosa, enfrentou o preconceito e manteve ali a principal boate voltada para esse público.

Olhar atento – Com o olhar atento para este público cada vez mais crescente no carnaval soteropolitano que a prefeitura e os empresários têm trabalhado para oferecer-lhe conforto e o que eles mais apreciam: qualidade. “Isso deve-se muito às mudanças culturais e sociais. O movimento LGBTQIA+ tem lutado por direitos e visibilidade, e o Carnaval tem se tornado um espaço para expressar essa diversidade”, diz a socióloga Adriana Conceição. “Além disso, a sociedade brasileira tem se tornado mais consciente sobre a importância da inclusão e do respeito às diversidades”, acrescenta.

Prefeitura – Todo mundo já sabe que o Carnaval de Salvador é um evento icônico que atrai milhões de pessoas de todas as partes do mundo. Mas é fato que nos últimos anos, o evento tem se tornado cada vez mais popular entre o público LGBTQIA+, e há várias razões para isso. Entre eles a diversidade e inclusão, que tornam o ambiente acolhedor e seguro para este público. Outro grande fator é a diversidade cultural: a festa é uma celebração da diversidade cultural, com uma rica mistura de ritmos, cores e expressões.

“Carnaval de Salvador é um evento que celebra a diversidade e a inclusão, e o público LGBTQIA+ se sente atraído por essa atmosfera acolhedora e divertida. Os empresários veem isso como uma oportunidade de negócios e têm começado a oferecer serviços e produtos específicos para esse público”, comenta a produtora cultural Verena Dias. 

Jornal Tribuna da Bahia

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