
A família do adolescente Diego Pereira de Santana, 16 anos, morto após sair da 3ª Delegacia (Bonfim), na quarta-feira (14), acredita que o assassinato tem envolvimento de policiais militares. Segundo familiares, o adolescente tinha sido agredido duas vezes por policiais da 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Uruguai). O corpo de Diego foi enterrado nesta sexta-feira (16), no Cemitério Quinta dos Lázaros.
De acordo com familiares, a última agressão aconteceu no dia da morte de Diego, por volta das 9h30, quando ele estava na casa de um pastor. Ele estava na casa acompanhado de amigas quando uma viatura da 17ª CIPM chegou e um dos policiais chamou por ele, o agrediu e depois o levou para a delegacia.
As amigas de Diego avisaram à família do adolescente do que tinha acontecido. A mãe e amigas foram até lá e o adolescente foi liberado. Antes de saírem, segundo a família, um dos policiais disse a uma das amigas: “prepara o caixão”.
Ao deixarem a delegacia, Diego estava abraçado com uma amiga quando dois homens passaram em uma moto. O piloto disse: “quieta, viado”. E ele respondeu: “quieta, o quê? Não fiz nada”. Foi quando o piloto da moto sacou a arma e atirou em direção à cabeça de Diego. Ele caiu no chão ainda abraçado à menina. O suspeito ainda tentou atirar nela, mas a arma falhou.
De acordo com familiares, a amiga saiu correndo pela rua e o suspeito fez mais disparos. Um deles atingiu a mãe de Diego de raspão. Os suspeitos fugiram em seguida.
Em nota, a Polícia Militar informou que não registrou nenhuma denúncia sobre a possível participação de policiais na morte do adolescente. A corporação informou ainda que os familiares devem registrar o caso na ouvidoria da PM. “Dessa forma, é essencial identificar o policial acusado para que seja motivada uma ação de responsabilização”, diz a nota. A identidade de quem faz as denúncias é preservada.
Ônibus queimados
Diego foi morto em frente ao centro de saúde Virgílio Carvalho. Em nota, a PM informou que “uma guarnição da 17ª CIPM ainda conseguiu visualizar os autores do homicídio em fuga, tentaram alcançá-los, mas por estarem em uma motocicleta, conseguiram fugir do alcance da equipe da PMBA”, diz a nota.
A morte do adolescente motivou protestos no bairro da Ribeira na noite de quarta-feira e três ônibus foram queimados. NO dia seguinte, os coletivos ficaram sem completar o itinerário até o final de linha. Por volta do meio dia da quinta-feira (15), os ônibus voltaram a circular novamente.